
O diretor presidente do IPE Saúde, Paulo Afonso Opperman foi o convidado da reunião desta segunda-feira (06) da União Gaúcha em Defesa da Previdência Social e Pública. Opperman é o 6° presidente da autarquia desde a reestruturação em 2018. Também compareceram à reunião o Diretor de Relacionamento com Segurados, Paulo Ricardo Gnoatto, e a assessora Djuliana Cappelari.
A presidente do Sinapers e representante da União Gaúcha no Conselho de Administração do IPE Saúde iniciou sua fala manifestando ao presidente a indignação dos servidores que estão com salários congelados há 9 anos, acumulando perdas de 70%. Dentro deste cenário, é injusto que os servidores públicos, aposentados e pensionistas do Estado sejam chamados a pagar a conta de um déficit criado pela relação negligente de sucessivos com o sistema IPE Saúde que inclusive, é credor do estado.
Segundo a presidente do Sinapers, Katia Terraciano, o aumento da alíquota de contribuição, taxação de dependentes e aumento na coparticipação em consultas, exames e procedimentos inviabiliza o plano para os segurados com salários defasados. “Qual será a solução, quando a receita se mostrar insuficiente em decorrência da evasão de segurados, que já está acontecendo? Segurados estão sendo obrigados a abrir mão da cobertura do IPE Saúde por não conseguirem arcar financeiramente com este custo após a ‘reestruturação’ do Instituto, migrando para o SUS”.
Outro grave problema relatado pela Conselheira é a prática ilegal e antiética da cobrança “por fora” praticada por uma grande parcela da categoria médica, tanto em consultas quanto em procedimentos e cirurgias. “É inaceitável que um paciente seja achacado enquanto está com o peito aberto na mesa de cirurgia. Urge a adoção de uma postura firme do IPE Saúde sobre estas cobranças, verdadeiros golpes que os segurados sofrem por parte dos médicos.”.
Katia citou ainda a necessidade do resgate da gestão paritária dentro do Instituto, em que dos quatro diretores, dois são indicados pelo governo e dois pelos servidores, e que foi excluída na reestruturação. Entendemos que já que fomos chamados a pagar a conta, também temos o direito de voltar a participar da gestão do sistema. “É fundamental que a administração não fique a mercê de decisões político-partidárias”.
O presidente do IPE Saúde respondeu às questões levantadas afirmando que encontrou no IPE funcionários altamente comprometidos com sua missão. Apresentou como foco de sua gestão os segurados e a relação com médicos e hospitais. Sobre a cobrança ‘por fora’ declarou que “Em hipótese alguma será admitida. A tolerância com qualquer cobrança indevida será zero”. Sobre a evasão de segurados e a consequente evasão de receita, afirmou que o problema será enfrentado e que qualquer solução será democraticamente consensuada em assembleia. Ressaltou ainda que “É fundamental criar um plano de estruturação com o foco central no segurado do IPE. É preciso mudar o modelo assistencial investindo em prevenção, telemedicina e tecnologia para a área de gestão”.
Entre as intervenções e questionamentos dos representantes dos servidores, Filipe Leiria, diretor de comunicação da União Gaúcha e presidente do Ceape Sindicato, trouxe a questão da gestão orçamentária e fiscal do estado e sua influência na administração do IPE Saúde. Destacou que as gestões do Instituto encontram limites estruturais e perguntou ao presidente como ele vê essa limitação. Para o presidente Opperman a gestão operacional se dá por mecanismos próprios do serviço público, muitas vezes há uma certa indisponibilidade que não permite estabelecer indicadores operacionais e de fluxo de caixa. O que a administração consegue fazer é visualizar os indicadores por demanda específica, mas o ideal seria uma disponibilidade automática, o que ele pretende buscar junto ao governo.
Outro ponto ressaltado pela presidente do Sinapers é a preocupante desvalorização dos servidores do IPE. O número de servidores é muito inferior ao necessário para atender um sistema com um milhão de segurados, devido aos baixos salários. “O IPE funciona por causa dos servidores comprometidos, e infelizmente este comprometimento não é valorizado pelo governo, a valorização dos servidores deve ser uma pauta constante”.
Ainda destacou a presença e a relevância do trabalho de Paulo Gnoatto e sua equipe à frente da diretoria de Relacionamento com Segurados, que acolhe e dá encaminhamento aos inúmeros problemas que atingem os segurados.