Assistimos recentemente a uma discussão travada entre o conhecido empresário gaúcho, Dr. Jorge Johannpeter, e o Governador do Estado, Dr. Tarso Genro, em virtude de entrevista concedida pelo empresário, onde afirmou que o povo gaúcho seria acomodado.
Sem querer entrar no mérito da discussão espero, no entanto, que o embate travado entre estes dois expoentes do nosso Rio Grande tenha pelo menos servido para que o Governador, ao deitar a cabeça no travesseiro, tenha feito uma análise, ainda que breve, dos quatro anos de sua gestão, e tenha conseguido verificar que, em realidade, a afirmação realizada pelo empresário diz respeito diretamente ao seu governo.
É fácil, por exemplo, falar que pagou milhões em precatórios, quando na realidade o que fez foi apenas continuar a depositar mensalmente o percentual ínfimo de 1,5% da Receita Corrente Líquida, já realizada pelo Governo anterior, apesar do STF estar agora sinalizando no sentido de que tal dívida deve ser quitada em curto prazo.
Acontece que os noticiados milhões de reais em pagamento de precatórios durante a gestão Tarso nada mais são do que fruto do acúmulo de recursos represados por falta de expertise do TJRS no pagamento de precatórios, situação esta que graças a brilhante gestão do Tribunal Gaúcho veio a se modificar, conseguindo-se assim “gastar” os recursos que estavam estocados.
Como se pode ver, no quesito precatórios, o Governo Gaúcho nada fez para aumentar os recursos para pagamento dos títulos, tendo restado inerte e acomodado durante estes anos de gestão Tarso, limitando-se unicamente a repassar míseros 1,5% mensais (pouco mais de R$ 30 milhões/mês) frente a uma dívida acumulada de mais de R$ 8 bilhões, e o que é pior, não tem o mínimo pudor em fazer campanha como se o mérito de ter pago alguns milhões fosse dele, quando na realidade isso é fruto de muito trabalho de entidades representativas de precatoristas e, em especial, do empenho do Tribunal de Justiça que finalmente “deu ouvidos” ao clamor dos credores e tratou de otimizar o seu setor de precatórios.
Situação idêntica se verifica nos quesitos básicos e elementares, quais sejam: saúde, educação e segurança. Alguém arrisca afirmar que a saúde nestes quatro anos melhorou? Que a educação para nossas crianças está melhor? Que não corremos riscos de sermos assaltados ao sairmos na rua, ou mesmo ao ficarmos em casa, ainda que durante o dia? Ora, se até o Palácio da Polícia foi arrombado por larápios, sem ninguém ver... Como confiar na segurança pública?
O que dizer senão que estamos diante de um Governo de acomodação. Tamanha é a acomodação que, numa atitude desesperada de descontrole e falta de experiência em gestão financeira, ao invés de buscar meios para manter a máquina pública, simplesmente optou pelo caminho mais fácil: apropriou-se de recursos que não são seus, apoderando-se de mais de R$ 5 bilhões da conta dos depósitos judiciais, utilizando-se deste montante para tentar conter a sangria de sua má administração, decorrência de um governo acomodado.
E nós, vamos deixar isso assim?
