Aqui no sindicato fazemos todo fim de ano a brincadeira do amigo secreto e colamos sugestões de presentes, que cada um gostaria de ganhar.
Neste ano, isto me fez pensar no que eu realmente gostaria de ganhar. Pudesse escolher um presente para receber do amigo secreto, escolheria o mais valioso de todos: tempo. O tempo que faltou para resolver um assunto inadiável, o tempo que perdi com o que não valia a pena. Tempo precioso que deixei de estar com minha mãe e ouvindo as histórias do meu pai. Quantas e quantas vezes desperdicei meu tempo com verdadeiras ilusões criadas exclusivamente por mim. Quando o ano acaba, fico com sensação de que faltaram meses no meu ano, para viajar ou visitar alguém. Que faltaram horas aos meus dias, para ir mais ao cinema, ler mais livros e caminhar mais pelas ruas. Queria, muito, ganhar mais alguns minutos com aqueles que nunca mais verei, para dizer tudo o que calei entre meus dentes, acreditando que meus olhos diziam tudo. Porém, ah, porém, o tempo é como um rio que passa em nossas vidas, cujas águas são sempre novas, como todas as novas horas que virão com o novo ano. O tempo é o maior presente que ganhamos do Universo e o que o torna valioso é o uso que fizemos dele. Se, no decorrer de nossas vidas, vibrarmos, rirmos, amarmos, perdoarmos, fizermos amigos e lutarmos para transformar histórias, estaremos de posse do bem mais precioso do mundo: o tempo.
Para ler ouvindo a música:
Foi um rio que passou em minha vida... de Paulinho da Viola.

