A reforma da previdência vem com tudo para tirar muito mais que o sono do funcionalismo público. Estamos há anos lutando pelo pagamento dos precatórios que escancarou o desrespeito às sentenças judiciais e, consequentemente, a insegurança jurídica deste país.
A campanha eleitoral esfregou na nossa cara uma guerra de bexiguinhas entre duas pessoas que querem administrar a vida de 300 milhões de brasileiros, num país de proporções continentais. Os candidatos perderam a noção de compostura que a responsabilidade do cargo exige e então percebemos a fragilidade da estrutura política que nos desgoverna. Quem tiver a oportunidade de assistir ao filme Tropa de Elite 2 vai receber uma aula chocante sobre a relação vergonhosa e íntima entre a política e a polícia. É tão revoltante que nos esmaga na cadeira do cinema até a indignação, a humilhação e a vergonha saírem pelos olhos. Saímos do cinema com a certeza de que a única estrutura que se organiza de forma totalmente eficiente é aquela que se locupleta com a corrupção e arranca do cidadão qualquer sonho de uma vida digna. Quem não sabe que o déficit da previdência é uma manipulação muito competente de números? Que boa parte da arrecadação é desviada para projetos genéricos dos governos que nada tem a ver com previdência? Pois, novamente, o governo eleito, seja ele qual for, vai jogar em cima do funcionário público, do aposentado e da pensionista, a culpa das mazelas do país em que os ladrões rezam juntos agradecendo a Deus pelo dinheiro roubado e pela impunidade. No país do dinheiro escondido na cueca, adianta reclamar? Não, não adianta reclamar. O que adianta é trabalhar em conjunto para impedir que essa reforma seja aprovada. Caso seja, o funcionário público contribuiria com um valor determinado mas só receberia a fatiazinha do bolo que a divisão final determinasse. Ou seja, “sopa no mel”, um achado para a corrupção: contribuição fixa com retribuição indeterminada. Para que essa luta não seja desigual, para que tenhamos alguma chance de ao menos atenuar os prejuízos que isso pode trazer a todos, precisamos estar muito fortes, muito unidos e esclarecidos. Temos que nos aproximar de nossas associações e sindicatos, fortalecendo-os para que o servidor público não veja todas as suas conquistas históricas escorrendo entre seus dedos. Vamos cerrar nossos punhos e mostrar que não arrancarão a tapa direitos que o servidor público conquistou com sangue, suor e muito trabalho.
Trilha do filme Tropa de Elite 2
