Você foi eleito Governador de um Estado em crise. As contas não estão fechando. Você acha que:
a) A culpa é do servidor público.
b) A arrecadação é insuficiente e mal administrada.
Se a arrecadação é insuficiente e mal administrada, isso significa que:
a) A culpa é do servidor público.
b) Faltam servidores e estrutura para fiscalizar o contrabando e combater a sonegação, e as políticas fiscal e tributária estão equivocadas.
Na falta de servidores, estrutura e políticas adequadas, eu devo:
a) Parcelar e congelar salários, retirar direitos, decretar o fim das nomeações de servidores públicos e, claro, aumentar os impostos!
b) Nomear servidores e proporcionar condições para combater, duramente, o contrabando e a sonegação de impostos e rever as políticas fiscal e tributária.
RESULTADO:
Se você optou pela alternativa A:
Ou você tem o Q.I. de uma toupeira ou carrega uma esperteza mal intencionada, quer se aproveitar de uma situação de crise para justificar projetos de desmonte do Estado. Além do maldito servidor público, toda a sociedade seria penalizada com um bárbaro e descontrolado aumento da violência, do contrabando e da sonegação, queda no consumo e consequente queda na arrecadação e quebradeira geral da economia; postos de saúde sem médicos e medicamentos, alunos sem professores. Você até poderá assistir ao incêndio de Roma de seu seguro e confortável trono no Palácio e levar sua aposentadoria de governador (porque aí sim, o serviço público é bom!) e mudar-se com sua família para um lugar decente depois de ter transformado o Estado do Rio Grande do Sul em Vila do Riozinho do Sul.
Se você optou pela alternativa B:
Seu Q.I. é normal, você não é nenhum gênio, mas poderá conquistar posições importantes, pois sua administração competente e lúcida, promoverá prosperidade e aumento da qualidade de vida na sociedade em que vive. Você será assediado e tentado a transformar-se num fantoche, mas seu caráter o manterá no caminho da integridade.
No exato momento em que finalizo este texto, o governador José Ivo Sartori anuncia, pela sexta vez, que pagará o salário do funcionalismo em nove parcelas, não esquecendo que, entre os servidores, temos aposentados e pensionistas IDOSOS, com necessidades inquestionáveis de medicamentos. Mas o teste de caráter e integridade ficam para o próximo jornal.